terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Escolha do travesseiro garante sono tranquilo e boa saúde


Se uma noite de sono faz toda a diferença para a saúde, a escolha do travesseiro ideal é o primeiro passo para que o repouso seja calmo e revigorante. Alto, baixo, macio, firme, de espuma, com penas, de látex ou ortopédico? As opções são tantas que geram até confusão na hora da escolha. Mas não é só o conforto que deve interferir na decisão. A saúde da coluna é colocada à prova nessa hora.

Na hora de fazer a compra é preciso levar em consideração aspectos como a altura, o material de que é feito, a posição em que você dorme, além de características de seu biótipo, como peso e idade. "Não existe um travesseiro perfeito para todos os tipos físicos, e sim, modelos que se adaptam a necessidade de cada pessoa", explica a fisioterapeuta Yeda Bellia.

Já as pessoas que sofrem com alergias respiratórias precisam ser ainda mais criteriosas. O ideal é tomar cuidado com o cheiro que alguns travesseiros exalam, pois eles podem desencadear processos alérgicos ou intensificar ainda mais os sintomas de quem já as tem.

O importante é analisar a densidade do travesseiro para que a cabeça não afunde. Em geral, o travesseiro deve ser mais baixo para quem dorme com a barriga para cima ou mais alto para quem dorme de lado . Assim, cabeça e coluna se mantêm alinhados e o corpo fica relaxado. "A medida evita que ocorram problemas circulatórios ou compressões dos nervos, o que poderia ocasionar incômodos como torcicolo e formigamento, além de provocar uma tremenda insônia ", explica Yeda.

Ortopédico

Chamado também de anatômico, é mais alto na parte superior, facilitando o encaixe adequado da cabeça. É mais indicado para quem dorme de lado ou apresenta problemas na coluna.

Espuma

Disponível em vários formatos, precisa ser denso o suficiente para manter a cabeça na altura certa e não a deixa afundar.

De pena

É muito macio e leve, porém, as penas se deslocam facilmente para as bordas, deixando o seu centro com uma reentrância. O afundamento pode gerar desconforto muscular e problemas futuros na coluna.

Pluma

A pluma de ganso é considerada um dos materiais mais nobres para o enchimento do travesseiro, já que deixa ele macio e também não permite que a estrutura fique deformada. No entanto, devem ser usados com precaução por quem sofre com alguma alergia.

Os travesseiros produzidos atualmente já são feitos com pluma esterilizada para evitar processos alérgicos, porém o procedimento não garante a inibição total dos agentes causadores de alergias.

Algodão

São travesseiros indicados para o verão ou regiões de clima mais quente, pois o material não esquenta e causa sensação de frescor. Por não soltar fiapos, o modelo é indicado para quem sofre de alergias respiratórias.

Mistos

Eles são feitos de plumas e penas, variando a proporção de acordo com o fabricante. São mais pesados em relação aos de plumas e mais leves do que os de penas. Por isso, são recomendados para quem tem peso e estatura mediana, pois, não são altos ou baixos, e sim, médios. Apesar de serem penas e plumas esterilizadas, não são recomendados para pessoas alérgicas. As penugens podem irritar as vias respiratórias. Não é recomendado para pessoas que demandam travesseiros mais altos, já que eles tendem a afundar muito rápido com o uso.

Siliconados

Os travesseiros siliconados tem o enchimento feito com fibra de poliéster e com tecido de revestimento que variam entre 100% algodão, mistos (poliéster com algodão) ou 100% poliéster. A vantagem deles é que são antialérgicos, mas, por outro lado, perdem densidade com muita facilidade.

Látex

Eles levam mais tempo para afundar com o peso da cabeça e ajudam a manter o corpo na posição correta na hora de dormir.

Com ervas

Utilizado pelos adeptos da aromaterapia, pode melhorar a qualidade do sono por exalar cheiros que acalmam ou aliviam sintomas como dores de cabeça e insônia.

Antiácaro

Travesseiros com esta proteção são essenciais para proteger o produto de ácaros e bactérias, porém, podem acumular até 300 mil ácaros em seis meses de uso. Por isso, o alergista Celso Henrique de Oliveira recomenda trocá-los com frequência. "Outra opção é colocar o travesseiro no sol. Isso ajuda a diminuir a quantidade de fungos que servem de alimento para os ácaros", explica ele.

Fonte

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Chaves: Incrível está estória....



Roberto Gomez Bolaños (Chaves) conta que em uma viagem a Colômbia com todo o elenco do programa estavam visitando centros turísticos. Eles viajavam de ônibus e em um ponto subiu um menino pobre vendendo doces e outras guloseimas, e quando chegou ao acento onde estava Chespirito, ficou hipnotizado e em uma fração de segundos este menino tirou todo o dinheiro que tinha em seu bolso e disse: “Chaves, toma para que compre seu sanduíche de presunto”. Roberto ficou perplexo perante o que este menino pobre acabara de fazer e ele como um cavalheiro que é, aceitou o dinheiro, pois não quis desfazer a ilusão do menino.

É por isso que não tenho impressora há anos...

*Prezados Amigos*

Outro dia, entrei num supermercado para comprar orégano e adquiri uma embalagem (saquinho) do produto, contendo 3 g, ao preço de R$ 1,99. Normalmente esse tipo de produto é vendido nos supermercados em embalagens que variam de 3 g a 10 g. Cheguei em casa e resolvi fazer os cálculos e constatei que estava pagando R$ 663,33 pelo kg do produto. Será que uma especiaria vale tudo isso ? Agora, com mais este exemplo abaixo de produtos vendidos em pequenas porções, fico com a sensação que as indústrias se utilizam "espertamente" desse procedimento para desorientar o consumidor, que perde totalmente a percepção real do valor que está pagando pelos produtos. Acho que todos os fabricantes e comerciantes, deveriam ser obrigados por lei (mais uma?) a estamparem em locais visíveis, os valores em kg, em metro, em litro e etc. de todas e quaisquer mercadorias com embalagens inferiores aos seus padrões de referências. Entendo que todo consumidor tem o sagrado direito de ter a percepção correta e transparente do valor cobrado pelos fabricantes e comerciantes em seus produtos. VEJAM O ABSURDO: Você sabe o que custa quase R$ 13.575,00 o litro ? Resposta: TINTA DE IMPRESSORA! VOCÊ JÁ TINHA FEITO O CÁLCULO? Veja o que estão fazendo conosco. Já nos acostumamos aos roubos e furtos, e ninguém reclama mais. Há não muito tempo atrás, as impressoras eram caras e barulhentas. Com as impressoras a jatos de tinta, as impressoras matriciais domésticas foram descartadas, pois todos foram seduzidos pela qualidade, velocidade e facilidade das novas impressoras. Aí, veio a "Grande Sacada" dos fabricantes: oferecer impressoras cada vez mais e mais baratas, e cartuchos cada vez mais e mais caros. Nos casos dos modelos mais baratos, o conjunto de cartuchos pode custar mais do que a própria impressora. Olhe só o cúmulo: pode acontecer de compensar mais trocar a impressora do que fazer a reposição de cartuchos. VEJA ESTE EXEMPLO:
Uma HP DJ3845 é vendida, nas principais lojas, por aproximadamente R$170,00.. A reposição dos dois cartuchos (10 ml o preto e 8 ml o colorido), fica em torno de R$ 130,00. Daí, você vende a sua impressora semi-nova, sem os cartuchos, por uns R$ 90,00 (para vender rápido). Junta mais R$ 80,00, e compra uma nova impressora e com cartuchos originais de fábrica. Os fabricantes fingem que nem é com eles; dizem que é caro por ser "tecnologia de ponta". Para piorar, de uns tempos para cá passaram a DIMINUIR a quantidade de tinta (mantendo o preço).Um cartucho HP, com míseros 10 ml de tinta, custa R$ 55,99. Isso dá R$ 5,59 por mililitro. Só para comparação, a Espumante Veuve Clicquot City Travelle custa, por mililitro, R$ 1,29. Só acrescentando: as impressoras HP 1410, HP J3680 e HP3920, que usam os cartuchos HP 21 e 22, estão vindo somente com 5 ml de tinta!
A Lexmark vende um cartucho para a linha de impressoras X, o cartucho 26, com 5,5 ml de tinta colorida, por R$75,00.Fazendo as contas: R$ 75,00 / 5.5ml = R$ 13,63 o ml. > R$ 13,63 x 1000ml = R$ 13.636,00
Veja só: R$ 13.636,00 , por um litro de tinta colorida. Com este valor, podemos comprar, aproximadamente:

- 300 gr de OURO;
- 3 TVs de Plasma de 42';
- 1 UNO Mille 2003;
- 45 impressoras que utilizam este cartucho;
- 4 notebooks;
- 8 Micros Intel com 256 MB. Ou seja, um assalto !

Está indignado? Então, repasse este e-mail adiante, pois os fabricantes alegam que o povo não reclama de nada.

Autor desconhecido

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DICAS DE CAMINHADA

O QUE É UMA CAMINHADA ECOLÓGICA?

Caminhada ecológica não é apenas andar no meio do mato. Trata-se de um esporte não competitivo, onde cada participante deve colaborar com o companheiro de aventura para que todos superem os obstáculos e possam atingir o objetivo da chegada. Exige ritmo, equilíbrio e passada regular, sempre devagar. Queremos nos divertir, e não bater recordes.

A caminhada é a forma mais básica de aventura. A maioria dos aventureiros mais radicais, como os escaladores ou exploradores de cavernas começaram suas aventuras através da caminhada.

QUAL O GRAU DE SEGURANÇA DESSA ATIVIDADE?

Caminhadas ecológicas são extremamente seguras desde que sejam observadas as regras básicas de conduta. Manter um espírito de equipe, o respeito pela natureza e conhecer os seus limites como ser humano já são um bom começo. Procure sempre guias ou amigos experientes e utilize equipamentos necessário para a sua segurança, tais como rádios comunicadores, telefone celular, corda, caixa de primeiros socorros, etc.

CRIANÇAS PODEM PARTICIPAR DAS CAMINHADAS?

Podem. Porém maiores de 07 anos e acompanhadas do responsável. Lembre-se que os passos da criança são bem menores do que de um adulto e o ideal são as caminhadas consideradas leves. Além disso, crianças muito pequenas ainda não tem o equilíbrio corporal totalmente desenvolvido.

Para que crianças menores de 07 anos tenham uma boa relação com a natureza e atividades ao ar livre, o ideal são lugares como o Jardim Botânico, Parque da Cidade ou a Floresta das Paineiras. o caso de esportes radicais como o rapel ou rafting, a idade mínima sobe para 12 anos.

E SE CHOVER?

Chovendo forte, a caminhada estará automaticamente cancelada.

Lembre-se que o dia nublado é mais agradável para a caminhada, já que a temperatura fica mais amena.

O QUE DIFERENCIA UMA CAMINHADA LEVE, MODERADA OU PESADA?

Dentre as trilhas você encontrará os três tipos de caminhadas. Esse parâmetro de classificação é muito subjetivo, pois o que pode ser leve para uns pode parecer pesado para outros, e vice-versa.

Existem diversos fatores que devem ser avaliados numa caminhada ecológica: a distância a ser percorrida, exposição ao sol, tipo de vegetação, a inclinação da trilha, se é necessário o uso de mãos, exposição à altura, etc.... Somando-se esses fatores, damos essa classificação apenas como uma referência. Para os iniciantes na atividade, recomendamos começar com as caminhadas leves. Desta forma, você terá uma idéia do esforço exigido e poderá passar para as caminhadas consideradas moderadas e pesadas.


O QUE EU DEVO LEVAR DURANTE A CAMINHADA?

No caso de viagens, cada roteiro tem o seu diferencial dependendo do número de dias, local visitado e época do ano (Alguns lugares costumam fazer 0º no inverno). Basta

. Uma mochila pequena. A mochila deixa as suas mãos livres e distribui o peso nas suas costas de maneira uniforme, evitando problemas de coluna.
02 ou 03 garrafinhas de água mineral de 500ml. Mais do que isso é levar peso morto. Evite levar garrafas de vidro.
. Boné e filtro solar
. Repelente contra mosquitos
. Capa de chuva para eventual mudança de tempo
. Saco plástico para o lixo
. Tênis ou Bota com solado aderente. Se você for comprar um calçado para as atividades, amacie-o antes.
. Vá preferencialmente de calça comprida, evitando o jeans. O ideal são calças tipo moleton, tac-tel ou lycra, pois não dificultam o movimento do joelho. Bermudas e shorts facilitam o ataque de mosquitos e aumentam a possibilidade de coceira nas pernas pelo atrito com a vegetação.
. Um lanche, basicamente de alimentos energéticos (Sanduíches natural sem maionese, frutas, frutas secas, granola, chocolate, etc)
. Máquina fotográfica

QUAL O PROCEDIMENTO DO GRUPO DURANTE O PASSEIO?

Reconhecer a liderança dos guias, espírito de equipe, amizade e respeito pela natureza. Durante a caminhada todo o lixo produzido pelo grupo ou encontrado pelo caminho é recolhido e deverá retornar com os participantes.

Nenhuma espécie mineral, animal ou vegetal deverá ser retirada. Admirar a natureza em seu próprio ambiente é o maior privilégio que temos.

COMO É FEITO O TRANSPORTE ATÉ O INICIO DA CAMINHADA?

Algumas caminhadas já tem o seu ponto de início coincidindo com o ponto de encontro do grupo. No entanto, recomendamos aos participantes irem de carro aos passeios, pois algumas caminhadas exigem deslocamento até o início da trilha. Caso não haja veículos suficientes, o grupo irá a pé ou de ônibus até o início da trilha.

Fonte

Minha primeira Cachoeira

Mayra e Eu, já tínhamos ido ao Gamarra, mas foi quando fizemos uma trilha de Jipe com meu Primo Cesinha. Tínhamos ido também na cachoeira Itaúna (Baependi), mas foi no inverno e nem deu pra entrar na água.

O dia amanheceu maravilhoso, céu azul e muito calor.



Local: Gamarra
Cidade: Baependi
Estrada: de terra em boas condições
Distância de Baependi: 15 Km
Qualidade: 4 estrelas

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O campeonato sem fim

ter, 05/01/10
por gustavo poli

O grande debate surdo começou na segunda-feira, dia 7 de dezembro. Ele já vinha se ensaiando, em escaramuças virtuais, mas claro, ganhou força assim que o Flamengo conquistou seu (quinto, sexto?) título brasileiro com a vitória sobre o Grêmio. Os rubro-negros cariocas, muito enfaticamente, celebraram o hexa, e o empate em numero de conquistas com o São Paulo. Os tricolores paulistas, claro, ironizaram – dizendo que 1987 não foi título, porque a CBF não reconhece etc. E torcedores do Sport Club Recife, bom, esses… estrilaram.

É uma discussão que se arrasta há tanto tempo – mais de 20 anos – que dez entre dez cronistas esportivos bufam, sopram e grasnam diante dela. Você deve ter lido e ouvido um caminhão de gente dizendo que não agüentava mais falar sobre o tema, que ele era insuportável, mala, ugh, mais chato do que um videoteipe da Fernanda Young se auto-entrevistando e posando nua ao mesmo tempo. Este escriba aqui, arriscadamente, discorda. A discussão está longe de chata. Pelo contrario – ela é fascinante. E é assim porque é uma típica história brasileira – repleta de macunaímas e capitães nascimento.


O debate é surdo porque nenhum dos lados quer, no fundo, ouvir o outro. O torcedor quer apenas vestir seus argumentos como fatos, apresentá-los e usá-los em favor de seu time. O mais interessante, pois, é como a discussão sobre o hexa-penta (ou penta-hexa) expõe a matéria-prima de todo e qualquer torcedor: o viés. Em nenhum idioma, a idiossincrasia do fã de futebol foi tão bem captada como no Brasil: o verbo torcer nasceu de um hábito das finas torcedoras do início do século XX: elas, agoniadas com os dramas em campo, torciam lenços com as mãos. Mas, de lá pra cá, o verbo galgou parâmetros.

O que fazemos, na arquibancada, é torcer a realidade a nosso favor. As faltas a favor do nosso time são evidentes. As faltas contra nosso time nunca existem. O juiz rouba contra nós – sempre – a não ser quando marca aquele pênalti incrivelmente inexistente e bom, aí, é “errou, né, mas já cansaram de errar contra nós” ou “o juizão é nosso” (o que é claramente perdoável). O torcedor tem a isenção do leão diante da zebra.

Exemplo? Procure MEIO torcedor do Flamengo que não considere o titulo de 1987 como brasileiro. É mais fácil encontrar um branco não-turista em Soweto (Informe Copa 2010: em Soweto, vivem três milhões de negros e 16 brancos). Por outro lado, procure MEIO torcedor do Sport que diga que o time não é o único campeão daquele ano. Procure mais – busque um torcedor de Vasco, Fluminense ou Botafogo que não torça o nariz implicante e diga “hexa sem ser penta… deve ser a primeira vez”.

E é por isso que a discussão é interessante – ela é um típico debate brasileiro sobre futebol. Foi Nelson Rodrigues, numa de suas frases geniais, que sintetizou o viés do torcedor:

- Os fatos me desmentem? Pior para os fatos.

Toda santa discussão de futebol – seja no bar, no gabinete ou no planalto – tem viés. Tem lado. Futebol é fascinante justamente por isso – por ser um jogo que acaba mas não termina. A vitória em campo é, sem dúvida, a mais importante. Mas depois dela se seguem inúmeras e infinitas partidas morais. Exemplo: que torcedor do Corinthians não se irrita quando questionam a legitimidade do titulo brasileiro de 2005 apresentando o football card do Márcio Rezende de Freitas?

Questionar a vitória alheia é parte da dialética do futebol. Como torcemos pelo bem (nosso time) contra o mal (qualquer adversário), precisamos entender a derrota, justificá-la, explicá-la, digeri-la. Precisamos de argumentos que permitam estender a discussão maior – e eterna – que é a narrativa infinda da rivalidade.

E é no cenário desta narrativa que 1987 se insere – e continua vivo – como o campeonato brasileiro por excelência. Como o campeonato que nunca vai terminar – continuará sempre aberto – como uma fresta a expor nossas virtudes e mazelas. Sim, virtudes e mazelas porque o que aconteceu em 1987, dois anos antes da eleição que Lula perdeu para Collor (é…) e da assunção de Ricardo Teixeira ao poder… tem muito a nos dizer sobre o futebol (e o país) de hoje.

É uma história de interesses políticos e comerciais – de enfrentamento entre capitanias hereditárias e um arremedo de capitalismo – que ilustra quão difícil é a construção de um futebol de mercado num país continental. Examinemos, pois, o que plantou essa história sem fim – percebendo como a genuflexão de fatos pode atender este ou aquele freguês. Voltemos pois até 1986, quando começa nossa história.



O monstro de 80 cabeças

Em 1986, a CBF conseguiu (des) organizar o mais bagunçado Campeonato da história (e isso, amigos, é um feito). Era um monstrengo com 80 clubes divididos em 8 grupos de 10 – quatro de elite, quatro menos votados. Classificavam-se para a segunda fase os sete primeiros dos quatro primeiros grupos (28 clubes) e mais os vencedores dos grupos inferiores (4). E, para temperar com ácido a feiúra deste rostinho, ali pelo fim da primeira fase uma decisão do STJD (ele já existia) deu ao Joinville pontos de um jogo contra o Sergipe (por causa de doping). O Vasco, eliminado por isso, entrou na justiça comum para cassar a decisão. E conseguiu.

Para evitar uma guerra de liminares, a CBF tentou desclassificar a Portuguesa, por conta de um problema com ingressos. Os clubes paulistas reagiram solidários e ameaçaram boicotar a segunda fase. A entidade máxima, pois, encontrou uma solução salomônico-genial: botar todo mundo pra dentro. A segunda fase passou a ter 33 times. O problema é que com número ímpar de equipes ficou difícil fazer a tabela. A saída foi convidar mais três equipes pela janela – Santa Cruz, Sobradinho e Náutico. Essa vergonhosa zona – no primeiro ano de uma polêmica nova gestão na CBF (a dupla Otávio Pinto Guimarães – Nabi Abi Chedid) – plantou a “revolução” do ano seguinte. No fim, o São Paulo foi campeão, derrotando o Guarani de Ricardo Rocha em Campinas e nos pênaltis. O América-RJ ficou em terceiro (depois de eliminar o Corinthians) e o Atlético-MG em quarto.

O detalhe a observar: antes do Campeonato, e por pressão dos clubes, o Conselho Nacional de Desportos (CND) e a CBF acertaram que 1986 seria “classificatório” para 1987. Dos 44 times dos módulos de “cima” do torneio – 24 seriam classificados para a primeira divisão do ano seguinte. A confusão jurídica implodiu essa combinação – e evitou que dois times grandes disputassem a segundona num suposto campeonato de 1987 (Botafogo e Coritiba).




1987, a secessão que não foi

A balbúrdia acima (muito) resumida exacerbou a já antiga revolta com a CBF. Desde 1971, o Campeonato Brasileiro era um cruzamento de bunda-lelê com INPI – todo ano trazia uma patente nova: uma fórmula diferente com um número de clubes variável e injunções políticas de toda sorte. Só uma coisa não mudava: os certames eram cada vez menos rentáveis. Os clubes de maior torcida eram obrigados a disputar inúmeras partidas deficitárias, enfrentando times sem expressão, fazendo viagens longas em meio a receitas mirabolantes (teve campeonato com desempate até por renda). O caos de 1986 foi uma espécie de gota d’água.

O primeiro ato foi da CBF que, atolada em dívidas, simulou arrego dizendo que não tinha grana para organizar o campeonato de 1987. O simulacro de renúncia recebeu seu golpe no quengo quando o recém-fundado Clube dos 13 – entidade que unia os 13 maiores clubes do país (os quatro grandes de Rio e São Paulo, os dois grandes de MG e RS e o Bahia) – avisou que organizaria sozinho a competição – e a chamaria de Copa União. A competição teria 16 times (os 13 do clube e os convidados Coritiba, Goiás e Santa Cruz), seria rentável e prometia uma nova era – com estádios cheios e tabela organizada. Pressionada pelas equipes alijadas (Guarani, Sport, América & outros), a CBF voltou atrás – desistiu de desistir – e disse que organizaria sim o campeonato. O Clube dos 13 – que já tinha tabela pronta, patrocínio acertado – não aceitou. A CBF, apoiada pela FIFA (que não pode nem ouvir falar em secessão), ameaçou desfiliar os revoltosos. Vale lembrar que não era uma ameaça vazia: a FIFA, por princípio, sempre ficou do lado das entidades. O impasse estava criado.

Para viabilizar o campeonato, um acordo foi costurado – e assinado pela CBF e pelo Clube dos 13 (signatário Eurico Miranda, então vice-presidente do Vasco e da entidade). Pelo acordo, a Copa União seria o módulo verde de um campeonato com quatro módulos (os outros seriam o amarelo, o verde e o branco). Os módulos verde e amarelo teriam um cruzamento para determinar os campeões brasileiros – algo que, tecnicamente, não fazia sentido nenhum. Aliás, outras coisas não faziam sentido técnico – Guarani e América-RJ, respectivamente vice e terceiro em 1986, jogariam o módulo amarelo. O América, indignado, recusou o rebaixamento – e o módulo teve apenas 15 equipes.

O Clube dos 13 assinou o acordo – mas combinou internamente que roeria a corda. Pode-se questionar, hoje, a ética do São Paulo ao inserir “penta” ou “hexa único em camisas comemorativas tendo sido um dos signatários do “acordo a não cumpr”ir”. Como pode se questionar a ética de quem assina um papel já sabendo que vai rasgá-lo. Como pontuou certa vez o luminar Caixa D’Água, ou Eduardo Viana, secular presidente da Federação do Rio, representante egrégio do pensamento dirigente nacional:

- Acordo, eu descumpro. Papel, eu rasgo. Opinião pública pra mim deve ser tratada na base da metralhadora.

Enfim, depois de muito gabinete, rolou a bola. Palmeiras e Cruzeiro abriram a Copa União numa data que hoje talvez soe profética – 11 de setembro de 1987 – uma sexta-feira. Quatro meses depois, os finalistas do módulo verde cumpriram o que tinham combinado. O Flamengo venceu a Copa União no dia 13/12/87 – botou a faixa e resolveu ignorar solenemente, ao lado do vice Inter, a existência do cruzamento. O módulo amarelo, não por acaso, foi decidido no mesmo dia. O Guarani tinha vencido a primeira partida por 2 a 0 em Campinas e perdeu o jogo da volta, no Recife por 3 a 0. Como o regulamento não previa desempate por saldo de gols – a decisão foi para os penais… e nunca terminou. Ou terminou em 11 a 11 e com os dirigentes dos dois times dividindo o titulo do módulo num clima de casados e solteiros. O Guarani foi citado na súmula por abandono de campo – e abriu mão do título dez dias depois (para evitar uma punição). Esse é um argumento, aliás, que os torcedores do Sport costumam usar – o titulo do módulo não valia muita coisa.

O que pouca gente recorda é que pouco mais de um mês depois – no dia 15 de janeiro de 1988 – houve uma reunião do Conselho Arbitral, formado pelos clubes, na qual foi proposta oficialmente a modificação do regulamento –para abolir o cruzamento. Nos termos da lei, o regulamento só poderia ser modificado se houvesse unanimidade. Dos 32 times inscritos (16 de cada módulo) – 29 compareceram e votaram. Sport, Guarani, Náutico, Fluminense e Vasco votaram contra a mudança – impedindo-a na teoria. O CND considerou porém que a maioria bastava e proclamou o Flamengo como campeão.

A ópera-bufa não tinha terminado. A CBF ignorou o CND e marcou as partidas do cruzamento – que era um quadrangular onde todos se enfrentavam. No dia 24 de janeiro, o Sport entrou em campo para enfrentar o Internacional, que nem pensou em ir. Os 11 jogadores do Sport esperaram os 30 minutos regulamentares, assim como o trio de arbitragem – para configurar o W.O. A partida seguinte, contra o Flamengo, estava marcada para o dia 27. O clube carioca, porém, conseguiu uma liminar na justiça estadual do Rio para não jogar. Os advogados do Sport descobriram que a juíza responsável estava de folga em Angra dos Reis – e estrada estava fechada por causa das chuvas (não é coisa nova). Alugaram um helicóptero e conseguiram convencer a magistrada a cassar a liminar.

Depois de duas vitórias por W.O. para cada– Sport e Guarani se classificaram para a decisão. No primeiro jogo, empate em 1 a 1 em Campinas. No segundo, no dia 7/2/88, vitória do Leão por 1 a 0. A taça das bolinhas foi entregue ao capitão do Sport – Estevam Soares, hoje técnico do Botafogo. E a CBF indicou Sport e Guarani como representantes do Brasil na Libertadores de 1988. A proclamação do CND abriu caminho para que o Sport acionasse judicialmente a União – pois o Conselho era um órgão do governo federal. Três dias depois do resultado em campo, o Sport entrou com uma ação judicial declaratória na décima vara federal de Pernambuco pedindo o reconhecimento do título. Na ação, o Leão acionava a União, o Flamengo, o Inter e a própria CBF.

A sentença do caso – favorável ao Sport – só saiu em 1994. A União apelou e perdeu em segunda instância em 1997. Novo agravo de instrumento subiu para o Superior Tribunal de Justiça – que em 1999 manteve a sentença inicial. Em 2001, venceu o prazo para que o Flamengo (ou qualquer parte) recorresse (para isso seria necessário apresentar alguma evidência nova para reformar a sentença definitiva). Em suma, é uma sentença transitada em julgado que não pode ser modificada. Muito por isso, a CBF não tomou a salomônica decisão de repartir o titulo de 1987. E, ironia ou não, hoje o Sport é membro do clube dos 13 – e não abre mão de jeito nenhum de ser considerado campeão único do campeonato sem fim.



A paz e os pênaltis

Em 1988, a paz foi selada… e a CBF organizou um campeonato com apenas 24 clubes. Sem o rompimento do clube dos 13 – dificilmente o número de participantes seria reduzido – e continuaríamos patinando em dráculas político-deficitários. Quem elegia o presidente da CBF até então era um colegiado formado apenas pelos presidentes das federações estaduais (isso mudou nos anos 90 com os clubes ganhando voto). E o interesse de cada federação era comer um pedaço do bolo – mesmo que ele fosse de péssimo sabor.

Em 1988, por causa da revolta do ano anterior, essa camisa-de-força foi enfim rompida – e com algum bom senso. Guarani, Sport e America-RJ foram incluídos na primeira divisão – e o campeonato foi disputado com um número razoável de clubes – 24. Mas, claro, não poderia faltar uma invenção. O certame começou com um regulamento – que ainda no início foi modificado para acrescentar uma “inovação”: vitória valeria três pontos (antes valia dois). Nas partidas que acabassem empatadas, cada clube levava um ponto, mas haveria um ponto extra a ser decidido nos pênaltis. Isso provocou a abertura gratuita do Maracanã numa tarde de quarta-feira para que Botafogo e Fluminense – que tinham empatado antes da mudança do regulamento – disputassem o pontinho extra nos penais (o Fluminense levou quando Mauro Galvão cobrou… e Ricardo Cruz defendeu).



Parêntesis para Frank Jr

Vem cá, minha nega

É importante entender que o Frankenstein de 1987 não foi filho único. Doze anos depois, no fim de 1999, uma outra confusão judicial implodiu a primeira divisão nacional. A zorra começou com a perda de pontos do São Paulo (pela escalação supostamente consciente do “gato” Sandro Hiroshi) contra o Botafogo (num jogo que o time paulista venceu por 6 a 1). Com os pontos ganhos, o Botafogo se salvou do rebaixamento e quem caiu foi o Gama-DF. Tendo como campeão o atual governador do Distrito Federal, José Robertone Arruda (que ironicamente torce pelo Botafogo), o Gama entrou na justiça comum contra o rebaixamento e impediu a CBF de organizar o Brasileiro de 2000.

A CBF, ironicamente, disse para o Clube dos 13: toma que o filho é teu. Organiza esse bichano. Mas os Arrudones do Planalto tinham cancha – e conseguiram forçar um impasse: sem o Gama, não haveria campeonato. O Clube dos 13 teve que se curvar e dar vida ao maior e mais distinto campeonato continental deste país – a Copa João Havelange,. Uma coincidência que pouca gente recorda – o nome do troféu do Módulo Verde de 1987 também era… “João Havelange” (o do módulo amarelo era “Roberto Gomes Pedroza”).

Para acomodar o Gama, seria necessário… acomodar todo mundo – mais ou menos como em 1986. Nasceu então… Frankenstein Junior, um gigantesco calhau com 116 times… e quatro módulos. Sim… o certame de 1987 não foi o único a ostentar nossos queridíssimos módulos. Em 2000, lá estavam eles, bonitinhos – um módulo verde, um amarelo, um azul… e um branco. O módulo da elite, desta vez, mudou de cor – ficou azul – com 25 times (entre eles, os “importados” Fluminense e Bahia – que deveriam disputar a Série B – além de Botafogo e Gama).

O regulamento de Frank Jr. era criativo: dos 25 times do módulo azul, 12 se classificavam para as oitavas-de-final. O módulo amarelo fornecia três classificados. O último saía do cruzamento entre os módulos verde e branco. Por conta disso, o Brasil poderia começar o milênio tendo como campeão o Baré (de Roraima). Ou o Genus (de Rondônia). Ou o Tocantinópolis (de Tocantins). Ou o Malutron-PR , vencedor da decisão entre os módulos humildes – que jogou nas oitavas contra o Cruzeiro (e perdeu).

Vale reparar na coincidência: a confusão na justiça desportiva, o pulo para a justiça comum, o envolvimento político, o chamado à FIFA, o princípio do cruzamento. Até o nome do troféu…

Desta vez, porém, o confronto não era entre CBF e Clube dos 13 – e sim entre o Gama – com o establishment político de Brasília por trás – e o Clube dos 13. Como o módulo azul serviria como prévia da primeira divisão de 2001 – e tudo estava claro – não havia motivo cabível para abortar o cruzamento. Tanto que um time do módulo amarelo, o São Caetano, chegou à final, na qual foi derrotado pelo Vasco no Maracanã (já em 2001) depois de um polêmico jogo interrompido em São Januário.



Enfim, a questão

Após esse muito breve resumo, que pergunta o humilde, imparcial e isento leitor daria para a pergunta… “Quem é o verdadeiro campeão brasileiro de 1987?”

Alternativas abaixo:

a) O Flamengo, claro, pois disputou o verdadeiro campeonato, enfrentou os melhores times e avisou desde sempre que não aceitaria o patético cruzamento contra times que enfrentaram babas como CSA, Rio Branco-ES, Bangu e Criciúma. Foi o representante da mudança no futebol brasileiro – que provocou o primeiro avanço em eras, começando a implodir o sistema feudal das federações e marcando uma posição histórica, reconhecida pela grande imprensa na época – que produziu inúmeras manchetes com o “penta” rubro-negro.

b) O Sport, claro, pois cumpriu o regulamento acordado com todos os clubes e entrou em campo como previsto para o cruzamento. E foi proclamado campeão pela organizadora do campeonato – disputou a Libertadores no ano seguinte e, mesmo ignorado pela mídia do eixo Rio-São Paulo, foi consagrado por sua torcida e pela imprensa pernambucana. Além disso, que culpa tem o Leão se o adversário preferiu marcar uma suposta posição a cumprir as regras que ele mesmo assinou?



Ao vencedor, as bolinhas

Obviamente, a escolha é livre – e interessa menos. Essa é uma discussão eterna. Mas meramente levantá-la provoca irritação em ambos os campos – o presidente do Sport ameaçou processar quem chamasse o Flamengo de hexa e foi soterrado por manchetes (com as esperadas exceções). Ao torcedor do Leão, vale anotar que, se o titulo fosse do Sport, as manchetes seriam bi – porque elas são leituras do que diz a torcida.

Na época, a CBF tinha um troféu, a chamada taça das bolinhas – que deveria ser entregue ao primeiro clube que conquistasse cinco vezes o titulo nacional. Ele foi entregue pela última vez em 1992… justamente ao Flamengo, que conquistava ali o que seria seu quinto titulo se contarmos 1987 (a mudança do troféu no ano seguinte não sugere alguma coisa?).

Quando o São Paulo ganhou seu quinto titulo, em 2007, os dirigentes do tricolor paulista pediram a taça. Mas a CBF não deu. Ela continua guardada num cofre da Caixa Econômica Federal – de onde provavelmente nunca sairá. Agora, a CBF pode até fazer duas réplicas – e entregar uma para o São Paulo e outra para o Flamengo (já que oficialmente a entidade considera que o rubro-negro carioca conquistou seu quinto título apenas em 2009). Se quisesse entregar a taça original para o São Paulo, convenhamos, a CBF já tinha entregue.

A torcida aqui, porém, é para que a taça permaneça para sempre neste obscuro escaninho federal – como se fosse uma espécie de Hangar 51 futebolístico. A taça oculta é a arca perdida do futebol brasileiro – e só é assim porque ninguém a possui. Ela é o símbolo do campeonato sem fim – um monumento a tudo aquilo que vencemos aos poucos; e representa todo o atraso que exorcizamos até chegar ao (relativamente) racional presente. Hoje não temos mais campeonatos com centenas de clubes – as Séries A, B e C estão organizadas – e a D começa a existir. Podemos questionar ou debater se os pontos corridos são sensacionais ou não – mas virada de mesa saiu do dicionário dirigente – o que, pode não parecer, mas é um imenso, imenso avanço.

O objetivo desse texto (ou testamento) não é discutir o mérito da questão de 1987– pois seria inócuo. É até se divertir um pouco com ele – vendo quantas idas e vindas se deram – e quantos enredos (e vilões) de desenho Disney o futebol brasileiro já pôs em circulação. Só tocar no tema já provocará alguma revolta – especialmente naqueles que julgam masculinamente importante que as vitórias de seu time sejam inquestionáveis.

Em qualquer discussão futebolística citar gregos significará desagradar troianos. A partida maior nunca termina – e ser imparcial joga contra tudo o que o torcedor sente, vive e aprende desde a primeira vez em que entra num estádio. A multidão liberta nosso roberto jefferson interior – na arquibancada, são despertados nossos instintos mais primitivos. Queremos trucidar o time adversário – ganhar de muito, pisar – se possível humilhando.



Imaginemos, pois, que a Terra tenha sido invadida por alienígenas pintosos com a cara do Keanu Reeves – e que o destino da humanidade depende de uma irrefutável prova de honestidade. Se os ETs não acreditarem que o homem vale a pena, Keanu dará uma olhada definitiva para o robô, e a terra será reduzida a pó. Keanu informa que nosso futuro depende de dois torcedores escolhidos a dedo: Zé do Rádio e o Dado Dolabella. A maldade: para provar o equilíbrio da raça humana, as camisas serão invertidas. Zé do Rádio terá que argumentar pelo Flamengo. Dado Dolabella defenderá o Sport. Olho no olho. A missão de ambos é chegar a um consenso.

É verdade que os limites da ficção foram estraçalhados quando consideramos a possibilidade do Dado Dolabella argumentar. E que a escolha dos debatedores prejudicou um pouco as chances do mundo. Mas, apressemos o fim da história, apertemos o botão de fast-forward até o momento em que a galera se levanta, Dado quebra o rádio na cabeça do Zé, grita “Mengão Hexa”, “chupa Terra!” e vemos Keanu balançando a cabeça negativamente… (ou, numa versão mais popular, Keanu olha para o robô e diz “É vala”). Bom, toda essa variação sci-fi-boleira da célebre fábula do sapo e do escorpião foi uma tentativa (triste) de ilustrar o óbvio: o torcedor não pensa – ele sente. E torce. E distorce.
***

Epílogo (ou ufa)

Qual vai ser, vagabundo?

E, dito isso e tudo mais, entremos juntos, eu e você, leitor, na filosófica caverna que encerra esta digressão. Lá, no escuro, sob uma luz tímida e sentado num banquinho, encontramos o Wagner Moura fantasiado de Hamlet. O que faz Wagner? Ele lê Shakespeare com voz de Capitão Nascimento. Não há trilha sonora – apenas um eco, um eco do Mercador de Veneza. Qual vai ser, Capitão?

- O diabo, para atingir seus objetivos, cita até as escrituras.

Torcemos para o Super-Homem. Não para Lex Luthor. Não tem jeito. Que os deuses do futebol abençoem o campeonato infinito.