sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Como negociar o seu salário


Aprenda a combater a vergonha de falar sobre dinheiro no trabalho e exija um salário compatível com sua atividade


Início de carreira

A professora de inglês Danielle Nogueira, 22 anos, tem pavor de falar sobre dinheiro com seus alunos. Cada vez que um deles pede desconto no preço das aulas, ela cede rapidinho. Danielle cobra R$ 20 pela hora/aula, mas basta o contratante dar uma choradinha para os preços despencarem. ''Já cheguei a aceitar metade'', admite a estudante de letras carioca. ''Odeio definir valores, não sei negociar. Fico com pena da pessoa, acho que vou prejudicá-la se não ceder.''

Em maior ou menor grau, todo mundo, principalmente no início da carreira, sente alguma dificuldade em estabelecer um preço pelo próprio trabalho - ou em convencer os outros de que ele é justo. Às vezes a vergonha é tamanha que a pessoa nem pergunta ''Quanto vou ganhar?'' ao ser chamada para prestar um serviço. Ou pior: faz o trabalho e não cobra por ele, fica esperando que o contratante se manifeste e, se isso não acontece, deixa de embolsar o que lhe é devido. Essa é a realidade de muitos freelancers, mas há inúmeros profissionais com emprego fixo que travam na hora de tratar do próprio salário.

Melhore seu poder de negociação

A boa notícia é que dá, sim, para perder (ou pelo menos diminuir) a vergonha de falar sobre grana e, consequentemente, fazer acordos mais lucrativos. Segundo especialistas em recursos humanos, o primeiro passo é definir quanto vale o seu show, levando em conta três variantes: a qualidade do seu trabalho, a realidade específica de cada mercado e o perfil de quem está prestes a contratar você.

Há cinco anos atuando como hostess no Rio de Janeiro, Carolina Kisperger, 32, conhecida na noite como Carol Kiss, recusa sem remorso oportunidades em que lhe oferecem menos do que ela pede. ''Meu cachê é fechado. Não aceito menos dinheiro porque isso me desvalorizaria.'' Ponto para ela! Estar segura do próprio valor é condição essencial para conseguir ganhos justos. Se nem você acredita no seu talento, como vai convencer os outros?

Consultora da DBM do Brasil, empresa de recursos humanos e treinamento, Irene Azevedo diz que a maioria das pessoas não tem habilidade para fazer marketing pessoal. O motivo? Não foram ensinadas a falar sobre si mesmas ou a divulgar seus feitos. ''Muitas temem ser consideradas falastronas ou metidas'', analisa a consultora. ''A recomendação não é fazer propaganda enganosa, mas se apossar das próprias habilidades e mencioná-las no momento certo.''

Nos casos mais graves, profissionais de coaching (treinamento) podem ajudar o trabalhador a aprender a falar sobre si mesmo. Quem tem boa argumentação para sustentar a remuneração que estabeleceu como ideal estará menos insegura ao defendê-la. Lembre-se sempre: quando a galinha põe um ovo, ela cacareja. Não adianta só fazer, tem de anunciar que fez.

Outro passo importante para melhorar o poder de negociação é procurar conhecer bem o mercado em que se está inserido. Theo Van Der Loo, 27, vocalista da banda de rock Sayowa, lembra que ele e os outros cinco integrantes do grupo cansaram de fazer shows na Europa e voltar com os bolsos vazios. ''O que ganhávamos mal dava para pagar a viagem. Na verdade, topávamos qualquer cachê que nos ofereciam'', conta ele, que fez cursos de business na área de música e montou uma produtora. ''Sempre odiei lidar com números, mas ou a gente se profissionalizava ou enfiava a viola no saco'', afirma Theo, que hoje fatura bastante com a venda de produtos da banda e a organização de festivais.

Conheça o seu contratante

Depois de investigar o mercado, vale se informar sobre a empresa ou a pessoa que quer contratá-la. É uma companhia grande, com potencial para lhe pagar bem? Então peça mais. Se estiver lidando com uma firma pequena, os valores mudam. ''Se alguém presta um serviço exclusivo, o preço sobe. Se oferece um trabalho que o concorrente pode fazer igual, o valor pago cai'', diz a consultora financeira Glória Pereira.

Pega mal cobrar? Como peço um aumento?

Claro que não! Pega mal é não cobrar. Tenha em mente que você não é o único prestador de serviço que trabalha com a empresa e que receber cobranças é parte da rotina dela. Quando for fechar o negócio, pergunte: ''Com quem eu trato do pagamento?''. Isso vai colocar o assunto em pauta.

Lembre-se que aumento não se pede, se conquista. A consultora Irene Azevedo, da DBM do Brasil, recomenda esperar a hora da avaliação de desempenho com o chefe para apresentar os argumentos pró-aumento. Durante o ano, anote os grandes desafios que foram vencidos por você no dia-a-dia. ''Descreva o problema que lhe foi dado, a ação desenvolvida, o resultado alcançado e a data em que tudo isso aconteceu.''

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